O PRECONCEITO

A pretexto da aproximação da data do seu 90º aniversário natalício, Nadir Afonso - nome grande da pintura portuguesa - foi entrevistado por João Céu e Silva, para o Diário de Notícias.

Para além de grande pintor, Nadir Afonso é um personagem excêntrico até dizer chega e com um complexo de superioridade que o faz apresentar-se, entre outras coisas, como o supra-sumo do saber universal em matéria de arte e estética (e não só) - imagem que perpassa por toda a entrevista, repetidamente, exaustivamente, até ao incómodo...

A dada altura, na sequência de uma desenfreada manifestação de saber por parte do entrevistado (no desenvolvimento da ideia, que é a dele, de que aquilo que há de perpétuo e imutável na obra de arte são as suas raizes matemáticas), o entrevistador perguntou-lhe se leu «o Estudo de Álvaro Cunhal, A Arte, o Artista e a Sociedade».
Responde Nadir Afonso: «Não li, mas posso acrescentar que para ele os bons pintores eram os do seu partido»...

O homem podia ter dito apenas a verdade, só a verdade e nada mais do que a verdade: «Não li» - e ninguém lhe levaria a mal por isso.
Todavia, optando por pronunciar-se sobre o que não leu, e deixando-se levar pelo preconceito estúpido, fez figura de... fez má figura, pronto...

Não deixa de ser interessante, no entanto, que com a sua afirmação preconceituosa, Nadir Afonso «recrutou» para militantes do PCP figuras como Giotto, Da Vinci, Miguel Ângelo, Tintoretto, Rubens, Mantegna, Hoblein, Murillo, Goya, Miró, Velásquez, Rembrandt, Chagall... - isto para citar (de memória) apenas alguns dos artistas que, porque apreciados por Álvaro Cunhal, terão que ser, segundo Nadir Afonso, «do seu partido»...

Procurei - e encontrei - uma afirmação de Nadir Afonso, proferida há tempos numa outra entrevista:
«Sou uma competência em arte, mas sou um analfabeto, um atrasado mental em muitas disciplinas»...
Admita-se-lhe a «competência» e perdoe-se-lhe o resto...

14 comentários:

  1. Grande Partido era - e é! - o de Álvaro Cunhal... Só os artistas que dele são!

    Abraço

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  2. Ao menos a sua frase não está errada de todo...
    É lamentável que, supostos erudito-intelectuais, se desarmem estupidamente pelo preconceito.
    Um beijo,

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  3. Nadir Afonso... Não me merece comentários. Apenas a citação de um provérbio popular:"Vozes de burro... não chegam ao Céu".
    E o Povo, esse sim, é um grande sábio.

    Álvaro Cunhal...um GRANDE HOMEM! Muitos como ele e o mundo seria bem melhor!!!

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  4. e diga-se de passagem que provavelmente o homem estaria melhor na arquitectura de onde veio do que a pintar aquelas coisas que pinta.

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  5. Nunca foi uma grande ideia "acrescentar" coisas ao que não se sabe... :-)))

    Abraço.

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  6. O homem quiz dizer a alguém, que era anti-comunista!
    Parece que estou a ver o camarada Álvaro Cunhal, se ainda cá (estivesse) ao ler esta entrevista, a fazer aquele seu sorriso caracteristico.
    O nosso querido camarada era,e será sempre um HOMEM muito invejado.
    Abraço

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  7. Não li a entrevista de Nadir Afonso, mas posso acrescentar que ele é uma besta...
    Retiro o que disse, sem apagar, porque não quero ser comparada ao homem.

    Um beijo grande.

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  8. O problema dos nadir é que caucionam, de forma preconceituosa e desonesta, todas as canalhices cometidas.
    Felizmente, não tenho qualquer obra dele, pelo que escuso de verificar se a falsidade do discurso se alargou ao pincel.

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  9. Eu não Perdoo! é um BRONCO!
    Um Abraço

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  10. Já me ri um bocadinho hoje.

    Mas vá lá, ao menos admite o que é fora da sua área profissional.

    Um Abraço.

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  11. Será que os cravos de Abril estão a murchar. Não se respeita a opinião, as opções, insulta-se; será falta de sentido democrático com competencia nestas matérias?
    Como diria o meu avô, homem sábio (sabedoria dada pela vida) e apenas com a 4ª classe: Os cães ladram e a caravana passa!

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  12. Mesquita: quem é que insultou quem? então o homem nem se informou, nem leu o livro, e chuta logo um disparate daqueles? não acha isso ofensivo. Claro que tem todo o direito a ter aquela opinião... e nós o respeitamos. Não nos obrigue a nós é a não ter opinião sobre a opinião do sujeito.

    e de facto... os cães ladram e a caravana passa. maior exemplo disso é o percurso de álvaro cunhal e a história do seu partido que, felizmente, perdurá por bastante mais tempo que as infelizes telas de nadir,

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