HERÓICAS
XXV
(Um jovem comunista, recém-saído da cadeia, procurou-me para me dizer:
«vou para Espanha bater-me ao lado dos republicanos».)
Adeus!
Tu que arrancaste da treva dos dias e das noites
o sol subterrâneo das flores ocultas nas raízes.
Tu que nunca viste o luar completar os olhos das mulheres
- e a tua mãe só te beijava em fotografia.
Tu que vais morrer pelos outros com vinte anos de desdém ardente
e o futuro nunca saberá o teu nome para maior glória.
Tu que vais conhecer finalmente a verdadeira morte: a nossa.
Não vida covarde atirada para as nuvens,
mas sombra sem frestas,
frio sem portas...
Tu: adeus!
Morre orgulhosamente
o teu destino de relâmpago
que afoga nos abismos
o eco longo
do silêncio das águias.
José Gomes Ferreira
José Gomes ferreira canta aqui os verdadeiros heróis.
ResponderEliminarGrande poema, grande poeta.
Um beijo.
Oa grandes poetas estão especialmente destinados a cantar os heróis... alguns, até, a serem "os próprios versos dos poemas"...
ResponderEliminarAbraço.
Palavras tremendas que são ao mesmo tempo de guerra, luta e libertação.
ResponderEliminarSinto-me pequenina perante este poema do Zé Gomes...
Um beijo grande.
Quantos não partiram de Portugal para impedir Espanha de cair na mesma noite em que Portugal já dormia.
ResponderEliminarUm Abraço