POEMA

AMADOR SEM COISA AMADA


Resolvi andar na rua
com os olhos postos no chão.
Quem me quiser que me chame
ou que me toque com a mão.

Quando a angústia embaciar
de tédio os olhos vidrados,
olharei para os prédios altos,
para as telhas dos telhados.

Amador sem coisa amada,
aprendiz colegial.
Sou amador da existência,
não chego a profissional.


António Gedeão

4 comentários:

  1. Nunca se chega a profissional daquilo que realmente se ama...

    Abraço.

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  2. Eu acho que Gedeão foi mesmo profissional da vida ou da existência como ele lhe chama. Nunca foi um indiferente pois traduziu o protesto perante a injustiça em maravilhosos poemas.
    Para além disso foi um óptimo professor e um cientista.
    Gedeão viveu msmo e continua vivo atrvés da sua poesia.

    Um beijo,camarada.

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  3. Este poema é uma pérola. «Amador sem coisa amada» é um lamento, mas é sinal de que estamos prestes a agarrar com alma o que a vida nos oferece, mantendo férrea as motrizes que movimentam a nossa própria alma.

    Um Abraço

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  4. Sempre lindo, e tocante, o Gedeão...:)
    Beijo,

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