POEMA DA MORTE NA ESTRADA
Na berma da estrada, nuns quinhentos metros,
estão quinhentos mortos com os olhos abertos.
A morte, num sopro, colheu-os aos molhos.
Nem tiveram tempo para fechar os olhos.
Eles bem sabiam dos bancos da escola
como os homens dignos sucumbem na guerra.
Lá saber, sabiam.
A mão firme empunhando a espada ou a pistola,
morrendo sem ceder nem um palmo de terra.
Pois é.
Mas veio de lá a bomba, fulgurante como mil sóis,
não lhes deu tempo para serem heróis.
Eles bem sabiam que o último pensamento
devia estar reservado para a pátria amada.
Lá saber, sabiam,
Mas veio de lá a bomba e destruiu tudo num só momento.
Não lhes deu tempo para pensar em nada.
Agora,
na berma da estrada, nuns quinhentos metros,
são quinhentos mortos com os olhos abertos.
António Gedeão
Terrivelmente belo!
ResponderEliminarGosto do Gedeão todo!
Um beijo grande.
Lindo poema, para retratar a tristeza da morte na guerra colonial...
ResponderEliminarbeijo.
...e o Manel canta-o tão bem!
ResponderEliminarAbraço.
Na guerra não existe nada de heróico. A morte de inocentes e o sacrifício em vão de tantas vidas é o ponto mais baixo da humanidade. Belo o dia em que a Humanidade consiga viver em Paz e com Justiça!
ResponderEliminarEste poema é terrível. Dos bancos da escola foram-lhes enchendo o cérebro de falsidades , mandaram-nos para a guerra sem lhes dar tempo a pensar e assim se destruiram vidas que só sabiam o que lhes tinham deixado aprender. Autênticos crimes se cometeram e Gedeão descreveu-o muito bem, de uma forma até comovente.
ResponderEliminarNunca me cansarei de dizer o quanto admiro António Gedeão e também Rómulo de carvalho que era um excelente físico e óptimo professor
Um beijo meu amigo e camarada.