CORAÇÃO EM ÁFRICA
(2)
Em três linhas (sentidas saudades de África) -
Mac Gee cidadão da América e da democracia
Mac Gee cidadão Negro e da negritude
Mac Gee cidadão Negro da América e do Mundo Negro
Mac Gee fulminado pelo coração endurecido feito cadeira eléctrica
(do cadáver queimado de Mac Gee do seu coração em África e sempre vivo
floriram flores vermelhas flores vermelhas flores vermelhas
e também azuis e também verdes e também amarelas
na gama polícroma da verdade do Negro
da inocência de Mac Gee) -
três linhas no jornal como um falso cartão de pêsames.
Caminhos trilhados na Europa
de coração em África.
De coração em África com o grito seiva bruta dos poemas de Guillén
de coração em África com a impetuosidade viril do I too am América
de coração em África coms as árvores renascidas em todas as estações
nos belos poemas de Diop
de coração em África nos rios antigos que o Negro conheceu
e no mistério de Chaka-Senghor
de coração em África contigo amigo Joaquim quando em versos incendiários
cantaste a África distante do Congo da minha saudade
do Congo de coração em África.
De coração em África ao meio-dia do dia de coração em África
com o Sol sentado nas delícias do zénite
reduzindo a pontos as sombras dos Negors
amodorrando no próprio calor da reverberação
os mosqeuitos da nocturna picadela.
Francisco José Tenreiro
(«Coração em África»)
Magnífico!
ResponderEliminarCoração em África, coração de África!
Que força tem este poema. E neste magnífico poema, o poeta evoca também Joaquim Namorado, creio eu.
ResponderEliminarUm beijo.
Fantástico. Tanta poesia boa aí à solta que eu ainda não conheço...
ResponderEliminarObrigada!
Um beijo grande.
Este homem era muito bom!
ResponderEliminarAbraço.
Justine: as raízes...
ResponderEliminarUm beijo.
Graciete Rietsch: claro: «o amigo Joaquim» é o Joaquim Namorado.
Um beijo.
Maria: tanta poesia que nós não conhecemos...
Um beijo grande.
samuel: se era!
Um abraço.