CANÇÃO DO MESTIÇO
Mestiço!
Nasci do negro e do branco
e quem olhar para mim
é como se olhasse
para um tabuleiro de xadrez:
a vista passando depressa
fica baralhando a cor
no olho alumbrado de quem me vê.
Mestiço!
E tenho no peito um alma grande
uma alma feita de adição
como 1 e 1 são 2.
Foi por isso que um dia
o branco cheio de raiva
contou os dedos das mãos
fez uma tabuada e falou grosso:
- mestiço!
a tua conta está errada.
Teu lugar é ao pé do negro.
Ah!
mas eu não me danei...
e muito calminho
arrepanhei o meu cabelo para trás
fiz saltar fumo do meu cigarro
cantei do alto
a minha gargalhada livre
que encheu o branco de calor!...
Mestiço!
Quando amo a branca
sou branco...
Quando amo a negra
sou negro.
Pois é...
Francisco José Tenreiro
(«Ilha de Nome Santo»)
A diferença reside no respeito e dignidade que cada um terá de ter perante si próprio, olhando para os outros de forma igual. Só assim as diversas cores tornam-se tão lindas, como um arco-íris.
ResponderEliminarBjs,
GR
branco, negro, mulato, índio!!!! cores diferentes!!! mentes diferentes!!!!
ResponderEliminarMas... por dentro somos todos iguais...
Todos nós viemos e vamos para o mesmo lugar!!!!
Então, por que tanta diferença????
Belíssimo!
ResponderEliminarParece que ouvi a gargalhada livre que ele soltou!
Um beijo grande. E um cravo de Maio.
GR: É isso...
ResponderEliminarUm beijo.
Ká História: pergunta pertinente...
(Obrigado pela visita e pelo comentário)
Maria: e ouviste mesmo (eu também ouvi..)
Um beijo grande de Abril e Maio.
Todos diferentes todos iguais, mas mesmo iguais. Belíssimo poema.
ResponderEliminarUm beijo.
Graciete Rietsch: na minha opinião é um dos mais belos poemas de FJT.
ResponderEliminarUm beijo.
Infelizmente ainda há quem pense que as pessoas devem ser arregimentadas pela cor da pele. Só a Luta vence a regressão social e política.
ResponderEliminarUm Abraço.
Nelson Ricardo: a luta é sempre a solução...
ResponderEliminarUm abraço.