POEMA

MANIFESTO À TRIPULAÇÃO


O mar é fundo, as ondas são altas, o lenho é podre!
As estrelas esconderam-se por detrás das nuvens negras e sinistras.
Neblinas densas e fundas separam de nossos olhos a terra angustiosamente
sonhada! (os sinais dos faroleiros devorou-os qualquer monstro das trevas).
Mas nossos olhos de Esperança, nossos olhos confiantes, podem distinguir
o porto!
Que não adormeçam os músculos dos nossos braços na modorra das
calmarias! Que não afrouxe este espírito de guerra que nos trouxe!
E chegaremos.
Grandes escolhos?!... Grandes medos?!... Grandes tormentos?!...
Maior grandeza de sacrifício, maior força de nos excedermos, maior sangue
frio na manobra! E chegaremos.
Nosso rumo que o tracem as proas, e saibamos ser o que de nós se exige!
Nosso destino que o escrevam as mãos de quem souber ganhá-lo.
Viemos ao mundo sós e nus, nada temos a perder - sorte foi que nos
encontrássemos - e temos um mundo a conquistar!
Se o nosso direito de viver exige que sejamos vencedores, saibamos sê-lo
com grandeza!
Se nos pedirem tributo, o tributo é o sangue!
Se nos pedirem preço, o preço é a vida!


Joaquim Namorado

(«Aviso à Navegação»)

5 comentários:

  1. "Sorte foi que nos encontrássemos"

    Aí está!

    Abraço.

    ResponderEliminar
  2. Fortíssimos e arrepiantes, os dois últimos versos.
    Grandioso poema!

    Um beijo grande.

    ResponderEliminar
  3. Lindo!! E que força!, tem este poema!Que grandeza!...
    beijo

    ResponderEliminar
  4. Encontrarmo-nos e actuar em conjunto, mesmo que o preço a pagar seja demasiado alto, é o necessário.

    Um beijo.

    ResponderEliminar
  5. samuel: grande sorte!
    Um abraço.

    Maria: seja qual for o preço, lá estaremos.
    Um beijo grande.

    smvasconcelos: e que força nos dá!
    Um beijo.

    Graciete Rietsch: seja qual for o preço...
    Um beijo.

    ResponderEliminar