POEMA

OS AMIGOS


Os amigos partilham
a sua desgraça
em pedaços iguais.
Cada qual recebe
o mesmo quinhão
de tristeza e bruma
e tudo repartem
os dias perdidos
as noites crispadas
as mortes comuns.

De repente falam
e apertam as mãos
levantam lareiras
desenham viagens
confiam no amor.

E no chão vazio
nascem malmequeres
frágeis como a esperança
(e tão persistentes)
frágeis como a vida
(e tão arraigados).

Obscuras flores
que irrompem do escuro
mas que trazem nelas
o espectro do sol.


Sidónio Muralha

(«Poemas de Abril» - 1974)

8 comentários:

  1. Assim são os amigos: repartem tudo.
    E repartir sonhos é tão bom...

    Um beijo grande.

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  2. Maria: «a amizade é tudo»...
    Um beijo grande.

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  3. Sol que acaba sempre por raiar... começando nos olhos dos amigos.

    Abraço.

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  4. É bom ter amigos que partilhem connosco as alegrias, as tristezas mas também a luta.
    Um grande abraço camarada e mais uma vez obrigada pelos poetas que nos tens trazido.

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  5. O mais frágil e o mais forte da vida, simultaneamente...

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  6. samuel: lá onde a amizade começa...
    Um abraço.

    Graciete Rietsch: os amigos são o melhor que há...
    Um beijo.

    Justine: é bem possível...
    Um beijo.

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  7. Lindo,lindo o poema. Como a Amizade: "flor que irrompe do escuro trazendo o espectro do sol".
    beijo

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  8. smvasconcelos: lindo como a amizade, dizes bem.
    Um beijo.

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