POEMA

DESAFIO


Desafio,
travo de amora silvestre,
agulhas da chuva no rosto,
soco do vento contrário,
distância além do horizonte,
vem
desafio
salutar vem,
revigorante vem
dizer-me que não sou capaz
para que te prove que sou.

Vem, desafio,
esfarrapa a flanela do dia-a-dia
com as tuas patas de corcel selvagem
que faiscam estrelas do chão,
galopa nas trevas e vem,
atravessa os povoados e vem,
carregado da palavras duras,
de palavras autênticas,
de palavras-palavras,
bate na minha vidraça
e na dos meus companheiros
para que acordemos todas as manhãs
plenamente
quando os galos acordam.


Sidónio Muralha

(«Poemas de Abril» - 1974)

9 comentários:

  1. Apetece ir. Para dizer que conseguimos!
    Tão bonito!

    Um beijo grande.

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  2. Muito lindo! E temos o desafio à porta. O poeta merece que mostremos que somos capazes!!!!!!

    Um beijo.

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  3. samuel: e estimulante!...
    Um abraço.

    Maria: dizia o Jean Cocteau: «ele não sabia que era impossível. Foi lá e fez»...
    Um beijo grande.

    Graciete Rietsch: e seremos capazes.
    Um beijo.

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  4. Olha não tenho direito a beijos....
    Estás zangado comigo?!

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  5. Ana Camarra: falha imperdoável, mas explicável: as horas a que comentaste e a que eu respondi aos comentários coincidem, pelo que só agora vi a tua observação ao «desafio irresistível»...
    E aqui vai o beijo: grande, de muita amizade, de muita camaradagem.

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