POEMA

ROTEIRO


Parar. Parar não paro.
Esquecer. Esquecer não esqueço.
Se carácter custa caro
pago o preço.

Pago embora seja raro.
Mas homem não tem avesso
e o peso da pedra eu comparo
à força do arremesso.

Um rio, só se for claro.
Correr, sim, mas sem tropeço.
Mas se tropeçar não paro
- não paro nem mereço.

E que ninguém me dê amparo
nem me pergunte se padeço.
Não sou nem serei avaro
- se carácter custa caro
pago o preço.


Sidónio Muralha

(«Que Saudades do Mar» - 1971)

6 comentários:

  1. Mais um perigoso lunático! :-)

    Abraço.

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  2. Para se ser um poeta a sério, interveniente e com carácter, na época do grande SIDÓNIO MURALHA, pagava-se e pagava-se muito.

    Beijos

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  3. Excelente!
    Vou levá-lo para lá. Porque eu também pago o preço.
    Afinal, quem de nós não paga?

    Um beijo grande
    (e até daqui a pouco...)

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