POEMA

EPITÁFIO


A Pátria, de olhos sem fundo como dois buracos,
vela o teu corpo e põe-te uma promessa nas mãos frias...
- tu que foste a força dos fracos,
tu que foste maior que todas as poesias.
Tu, puro e oculto como as cisternas de água,
tu que eras presente e invisível como a aragem,
tu que continuas a ligar-nos pela mágoa
como sempre o fizeste pela coragem.

Por todo o sofrimento, por todas as desgraças,
e em nome das madrugadas que rasgam as vidraças,
a Pátria põe-te uma promessa nas mãos frias.

Largos versos irrompem no teu silêncio de granito,
e tu vives inteiro em cada grito,
tu que foste maior que todas as poesias.


Sidónio Muralha

(«Companheira dos Homens» - 1950)

8 comentários:

  1. Ao ler este belíssimo poema, veio-me á memória os Heróicos Resistentes assassinados pela PIDE que não morreram em vão!

    Bjs,

    GR

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  2. De quem se trata não sei, sei de quem se poderia tratar, e são muitos...

    Um abraço.

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  3. GR e CRN: este poema de Sidónio Muralha foi dedicado a Soeiro Pereira Gomes - e foi escrito quando da morte do autor de Esteiros.
    Um beijo e um abraço.

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  4. Obrigada querido camarada por nos relembrares esta tão grandiosa homenagem a Soeiro Pereira Gomes.
    Abraços.

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  5. Promessa que tudo faremos por cumprir.
    Grande poema!

    Abraço.

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  6. Fico sem palavras perante a intensidade deste poema. Obrigada por o teres publicado!

    Um beijo grande.

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  7. Grande poema!...
    (não sabia que tinha sido dedicado ao Soeiro, que lindo, lindo e mais que merecido tributo!)
    beijo,

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  8. Graciete Rietsch: o nosso obrigado vai para o Poeta.
    Um beijo, camarada.

    samuel: e que cumpriremos.
    Um abraço.

    Maria: um beijo grande.

    smvasconcelos: e eu só soube muito recentemente.
    Um beijo.

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