POEMA

VIAGEM ATRAVÉS DE UNS CABELOS TODOS BRANCOS



Estamos a vê-lo todos e sabemos.

Foram anos de fome, quantas vezes
à beira dos mercados e das feiras.
Foram anos com o perigo a escorrer das paredes.
Foram anos de todas as esquinas vigiadas.
Anos de encontros mais cronometrados
do que o fio-de-prumo sobre a lâmina.
Foram anos eternos de prisão
numa ilha de mar, de guardas, de muralhas
e de silêncio com o olhar feroz
de grades sobre o dia.

Foi toda a vida com o coração
sem nunca se esquecer por que batia.


Mário Castrim

15 comentários:

  1. Foi como tinha que ser!
    Foi como devia ser!
    Foi como quis ser!

    abraço.

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  2. Tanta incorruptibilidade, coerência e honestidade pela luta que encetou, os Resistentes!
    Poema lindo e comovente.

    Bjs,

    GR

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  3. Foi por haver tantos que nunca esqueceram a razão pela qual os seus corações batiam que aconteceu um 25 de Abril. Por muito que tentem "não voltaremos atrás". A luta continuará.
    Beijos.

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  4. Cabelo branco que realmente é transparente, como a corajosa vontade para a que não existe mordaça!

    A revolução é hoje!

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  5. " Foi toda a vida com o coração sem nunca se esquecer por que batia".
    Linda , esta viagem à memória "de uns cabelos todos brancos".

    beijos,

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  6. Cabelos todos brancos, de prata. E um coração de oiro... que batia pela liberdade de todos...

    Um beijo grande

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  7. Camarada,

    Não te conheço, não sei quem és, nem tão pouco, confesso, conhecia o teu blog, mas chegou a mim, através de uma camarada, a história do Manel...

    Um dos mais bonitos e comoventes textos que li...

    Queria apenas agradecer-te em nome de todos os jovens, em nome de todos os Comunistas, em nome da Humanidade!

    O meu eterno obrigado pelo texto e acima de tudo por fazeres a Festa 1000 vezes mais bonita com a presença do Manel...

    Fraternamente,

    Ivo Serra

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  8. Fernando Samuel

    Pois, foi como tinha de ser, é como tem de ser, sabemos que terá de ser assime que não é em vão!

    beijos

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  9. Viagem pura e dura
    por vezes até tenebrosa
    Pelos trilhos da ditadura
    Com saída gloriosa.
    Abraço grande

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  10. Militantes do PS Seixal agridem e ofendem humoristas "Homens da Luta" na visita "relâmpago" de Sócrates ao Seixal. Conheçam os detalhes no blogue O Flamingo.

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  11. Para nunca esquecermos
    a cada pulsar, o sangue aviva o corpo, irriga o cerebro, e assim ESTAMOS E ESTAREMOS.
    belo.
    abraço do vale

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  12. Continuaremos sempre os seus passos.

    A luta continua!
    Um Abraço

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  13. Liberdade
    “Não ficarei tão só no campo da arte,
    e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
    tudo farei por ti para exaltar-te,
    serenamente, alheio à própria sorte.
    Para que eu possa um dia contemplar-te
    dominadora, em férvido transporte,
    direi que és bela e pura em toda parte,
    por maior risco em que essa audácia importe.
    Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
    que não exista força humana alguma
    que esta paixão embriagadora dome.
    E que eu por ti, se torturado for,
    possa feliz, indiferente à dor,
    morrer sorrindo a murmurar teu nome”

    Carlos Marighella

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  14. Este é o último poema dos escolhidos para esta homenagem do Cravo de Abril a Mário Castrim.

    Para todos e todas que, ao longo destes dias, por aqui passaram... abraços e beijos.

    Segue-se um ciclo de poemas de Jorge de Sena.

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