POEMA

MÃE


De noite
ouvi barulho
na cozinha.

Levantei-me.

Fui ver.

A mãe passava a ferro
os calções que eu devia
levar à escola.

Sentada, mal podia
com o ferro. Longe
um galo nos dizia «o dia aí vai».

Esfrego os olhos estremunhado.

E a mãe:
- O que é, filho? Cuidado
não acordes o pai.


Mário Castrim

8 comentários:

  1. Lembro-me de ler esse no Avante! Era leitora assídua dos pontos naturais...

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  2. O amor duro e difícil de quem tinha que acertar as suas vidas pelas mais cruas leis da Natureza...

    Abraço.

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  3. Um poema à Mãe, Mulher, Lutadora.
    Mais um belíssimo poema.

    Bjs,

    GR

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  4. Não li ultimamente nenhuma critica literária que não conotasse negativamente o neorrealismo... textos como este despertam receio em muita gente!

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  5. Lindo. Pleno de ternura. E de força...

    Um beijo grande

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  6. Pois filho, não acordes e Pai...acorda tu, que o pai tem estado a lutar e a mãe também, para teres um futuro, vai para a escola e aprende para além do que te quiserem ensinar.

    beijo

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  7. Ana Martins: sabes que foi publicado um livro do Castrim com os «Poemas do Avante»?
    Um beijo.

    samuel: nem mais!
    Um abraço.

    GR: exacto!
    Um beijo.

    Membro do Povo: o neo-realismo foi condenado e executado... uma série de vezes...
    Um abraço.

    Maria: em resumo: à Castrim...
    Um beijo grande.

    Ana Camarra: outra maneira de dizer (quase) o mesmo...
    Um beijo.

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  8. Que falta de imaginação esta a de sair de onde se não está.
    Que falta de imaginação esta a de se ser sempre eleitoralista.
    Pensarão eles que farão melhor trabalho (...) como dissidentes comunicacionalmente assumidos?
    Efémera vida "revolucionária"destes
    social-democratas "bem pensantes" deixa bem actual o falecido WillY Brandt: comunistas aos 2o anos são os melhores social-democratas aos 40.
    JSSS

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