POEMA

(Pequenos enredos para as pessoas,
sem imaginação nem ouvidos para gozos tímbricos,
ouvirem Schonberg e os seus descendentes.)


1

Naquela roseira do jardim geométrico
nasceu uma rosa de metal
a cheirar a gumes...

E ali ficou
à espera que um príncipe,
hirto de amor,
a arrebate
com delicadeza de dedos de alicate.

2

(Esta música também já tem os seus lugares-comuns.)

Mistério evidente com tantãs
e o breve sopro
que deixa na cara
o lençol da agonia...

Mas eu prefiro o outro,
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.


José Gomes Ferreira

4 comentários:

  1. Descrita assim a música... até eu,talvez, Schonbergueasse...
    (É um Stockhausen a considerar...)

    Abraço.

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  2. Magistral, este deambular ...até já percebo melhor a referida música:))

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  3. Rosas cansadas

    pois claro

    já o meu José Gomes Ferreira

    previa os seus desmandos

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  4. Eu prefiro o José Gomes Ferreira, de facto!

    beijos

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