POEMA

SOLIDARIEDADE


Vamos, dêem as mãos.

Porquê esse ar de eterna desconfiança?
esse ,medo, essa raiva?
Porquê esssa imensa barreira
entre o Eu o Nós na natural conjugação do verbo ser?

Vamos, dêem as mãos.

Para quê esses bons-dias, boas-noites,
se é um grunhido apenas e não uma saudação?
Para quê esse sorriso
se é um simples contrair de pele e nada mais?

Vamos, dêem as mãos.

Já que a nossa amargura é a mesma amargura,
já que a miséria para nós tem as mesmas sete letras,
já que o sangrar dos nossos corpos é o vergão da mesma chicotada,
fiquemos juntos,
sejamos juntos.
Porquê esse ar de eterna desconfiança?
esse medo, essa raiva?

Vamos, dêem as mãos.


Mário Dionísio

6 comentários:

  1. A volta que o mundo dará...

    Abraço.

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  2. Tomar consciência é preciso...
    Por aqui damos as mãos.

    E um beijo grande

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  3. Magnífico poema!!!

    Dar as mãos é preciso...

    Amanhã é um novo dia!

    Mil beijinhos de mãos dadas :)

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  4. Lindo!!
    (Onde vais "desencantar" poemas tão belos?!)
    :)))
    beijos,
    Sílvia

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  5. Agarra já na minha!

    Beijo do tamanho do mundo!

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  6. samuel: é por isso que «dar as mãos» é tão difícil...
    Um abraço.

    Maria: e chegaremos a outras mãos...
    Um beijo grande.

    rapariga do tejo: todas as mãos - com muitos beijos de mãos dadas...

    Sílvia MV: Mário Dionísio é um grande poeta, infelizmente muito esquecido.
    Um beijo.

    Ana Camarra: assim se começa, até chegarmos às mãos todas...
    Um beijo.

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