POEMA

(POR MAIS QUE CALEM...)


Por mais que calem
por mais voltas que dê o mundo
por mais que neguem os acontecimentos;
por mais repressão que o estado instaure;
por mais que lavem a cara com a democracia burguesa;
por mais assassinatos de estado que cometam e calem;
por mais greves da fome que silenciem;
por mais que tenham saturados os cárceres;
por mais pactos que engendrem os controladores de classe;
por mais guerras e repressão que imponham;
por mais que tentem negar a história e a memória da nossa classe

Mais alto diremos:
assassinos de povos
miséria de fome e liberdade
negociadores de vidas alheias
mais alto do que nunca, em grito ou em silêncio,
recordaremos os vossos assassinatos
de gentes, vidas, povos e natureza.
De boca em boca, passo a passo, pouco a pouco.


Salvador Puig Antich
(poema escrito na cela por este jovem anarquista
pouco antes de ser assassinado pelo regime franquista,
em 2 de Março de 1974)

8 comentários:

  1. E assim, de boca em boca, passo a passo... não serão esquecidos.

    Abraço.

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  2. Comovente. Um grande poema motivador para os dias de hoje.

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  3. P.S: Vou aproveitar para colocar no meu blogue.

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  4. E o seu grito continua a ouvir-se...

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  5. Porque não nos vergamos!
    embora os passos possam ser dados pouco a pouco, golpe a golpe, verso a verso...

    Um beijo grande

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  6. “Por mais que tentem negar a história e a memória da nossa classe”
    Nós continuaremos!

    (emocionou-me ler, 1974)

    Bjs,

    GR

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  7. samuel: ter memória é fundamental.
    um abraço.

    ComRevDe: poema de coragem e de luta.
    Um abraço.

    justine: é um grito insilenciável...
    Um beijo.

    Ana Camarra: um beijo.

    Maria:... mas lá chegaremos.
    Um beijo grande.

    GR: estávamos nós quase a chegar a Abril...
    um beijo.

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