POEMA

UM DIA DE MAIO


Recordo esse momento, esse
terrível entusiasmo. Eram
milhares, dezenas de milhar
e todos se esticavam, todos
tentavam ver o carro, sentiam
o solene momento, gritavam
da alegria mais pura. Era
um som de pólvora liberta,
uma explosão de esperança,
de loucura, de vida - sim,
por uma vez, a vida -. Lembro
esse gosto de pão, o corte
brusco na inércia, o fogo
da presença em oferenda,
a compressão da ira vinculada
agora a um caminho. Hoje
contemplo esta praça, estas
ruas que a tristeza semeou
de novo e espero a multidão
que uma vez aqui floresceu.
Confio em que virá. O vento
fala já nos seus passos, faz
da espera alimento; o ar
vai encher-se de vozes, vai
ver-nos todos juntos, livres,
respirando através das mãos
unidas, através do ardente
fluido de alegria que liberta
as raízes do canto estagnado.


Egito Gonçalves

7 comentários:

  1. Também confio em que virá.
    Abraço

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  2. Juntos, livres, de mãos unidas. Vamos ensaiar amanhã?

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  3. Outra vez... e quantas forem necessárias!

    Abraço.

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  4. Vamos novamente florir as praças, as ruas!
    Vamos encher Lisboa de alegria!

    bjs,

    GR

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  5. Também confio que virá.
    E que as ruas se irão encher uma e outra e outra vezes, as necessárias...
    Até já.

    Um beijo grande

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  6. Ludo Rex: não tenhamos dúvidas de que virá.
    Um abraço.

    Justine: e será um bom ensaio...
    Um beijo.

    samuel: até lá chegarmos...
    Um abraço.

    Ana Camarra: ou não fôssemos nós quem somos...
    Um beijo.

    GR: vamos encher Lisboa de Abril.
    Um beijo.

    Maria: dizes bem: as necessárias.
    Um beijo grande.

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