POEMA

O DILÚVIO


Suicidou-se o João!
Não se rale, senhora,
às vezes acontece.
Assaltaram o meu banco!
Não se rale, senhora,
às vezes acontece.
Uma bomba na rua!
Não se rale, senhora,
As vezes acontece.
O meu filho é um estróina!
Não se rale, senhora,
às vezes acontece.
O mundo está doido!
Não se rale, senhora,
às vezes acontece.

Acontece isso e mais,
e mais e ainda mais.
E ainda aconteceu pouco.
Não se pode ser sempre igual
desde o berço até morrer.
E cansamo-nos, senhora,
de comer sempre do mesmo.
E de comprar o jornal
e de dormir na mesma cama.
E sentimo-nos humilhados
quando, ao fazer a barba,
nos contam histórias de fadas.
E então acaba tudo
com isso que me conta agora:
suicídios, assaltos, bombas,
loucuras e...
e mais, senhora, e mais.
Mas você disso nada sabe.
Não é nova e tem muita massa.


Ovidi Montllor
(In Antologia da Novíssima Poesia Catalã)

7 comentários:

  1. É... ser novo (no espírito) e ter pouca massa tem algumas vantagens. Não serão muitas... mas são grandes! :-)

    ResponderEliminar
  2. Não conhecia, boa escolha.
    Abraço

    ResponderEliminar
  3. O valor das palavras está:- no valor de quem as pronuncia!
    Abraço

    ResponderEliminar
  4. Curioso este poema, FS.Ainda não sei dizer se gostei...vou ler mais:))

    ResponderEliminar
  5. Pois, o óbvio....
    Não conhecia, mas conheço pouco este autor.

    Um beijo grande

    ResponderEliminar