POEMA

NOS RAMOS DOS SALGUEIROS


E como poderíamos nós cantar
com o pé estrangeiro sobre o peito,
abandonados os mortos pelas praças
na dura erva gelada,
o balido impotente das crianças,
o uivo negro da mãe que tropeçava contra o filho
crucificado no poste telegráfico?

Nos ramos dos salgueiros, como um voto,
também as nossas cítaras pendiam
levemente oscilando ao triste vento.


Salvatore Quasimodo

6 comentários:

  1. Bonito e forte...
    Esperamos por ti...

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  2. E como poderíamos nós cantar?
    Se naquela madrugada...
    a voz da rádio se calasse?

    Um beijo, amigo
    Ausenda

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  3. Com a voz embargada e as cordas doridas...

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  4. Tão triste é este poema!
    Hoje mais do que nunca, dói ler este belo poema.

    GR

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