POEMA

CALABOUÇO


I
Aqui
onde nem um pide nos ouve
a gritar no dialecto nacional dos oprimidos
os mais fantásticos sonhos

construímos
com o invisível material da esperança
a realidade universal dentro
do povo lá fora!

II
Pátria:
por causa de nós os dois
o único alguém a cheirar o cheiro
do seu próprio medo
é o carcereiro.

Pátria:
o nosso próprio receio
leva-nos ao cúmulo da fúria
mas ao carcereiro o próprio medo
fabrica para toda a polícia
o auge do desespero.


José Craveirinha

8 comentários:

  1. Mais um belo poema do Craveirinha.
    Obrigada pela partilha.

    Um beijo

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  2. Queria ter dito "poema de luta e também resistência do Craveirinha".

    E outro beijo

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  3. Esta poesia tem o peso da consciência de uns e da dignidade de outros.
    É uma poesia de peso!
    É josé Craveirinha, no seu melhor!
    Abraço

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  4. Pronto, mais um!

    Obrigado, muito obrigado


    beijos

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  5. maria: disseste tudo.
    Um beijo grande.

    poesianopopular: sem dúvida.
    Um abraço.

    ana camarra: e outros se seguirão...
    Um beijo.

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  6. Como é que uma "coisa" destas não havia de meter medo aos carcereiros? Quando tentam prender o pensamento, eles sabem que estão a prender dinamite misturada com sol e liberdade, uma mistura que pode explodir a qualquer momento...

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  7. apoesia é uma arma poderosa.

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  8. samuel: o medo do pensamento, da razão, da dignidade, das convicções firmes... de tanta coisa...
    Um abraço.

    antuã: é uma das nossas armas...
    Um abraço.

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