Foi assassinado no dia 9 de Outubro de 1967.
Morreu como viveu: a lutar.
A lutar contra «o inimigo número um da Humanidade: o imperialismo norte-americano».
Sabia, como disse, que não iria derrotá-lo no seu tempo de vida - mas sabia, como disse e fez, que cada machadada que lhe desse ficava como contributo para a inevitável derrota final desse inimigo.
Dele disse Fidel: «É um dos homens mais nobres, mais extraordinários e mais desinteressados que já conheci».
Das centenas de poemas feitos por poetas de todo o mundo em sua homenagem , deixo aqui , não por acaso, estes dois.
CHE
Che, tu conheces tudo,
as voltas da Sierra,
a asma na erva fria,
a tribuna,
as ondas da noite,
até como se fazem
os frutos e os bois se jungem.
Não é que eu queira dar-te
caneta por pistola
mas o poeta és tu.
Miguel Barnet
ELEGIA DAS ÁGUAS NEGRAS
PARA CHE GUEVARA
Atado ao silêncio, o coração ainda
pesado de amor, jazes de perfil,
escutando, por assim dizer, as águas
negras da nossa aflição.
Pálidas vozes procuram-te na bruma;
de prado em prado procuram
um potro, a palmeira mais alta
sobre o lago, um barco talvez
ou o mel entornado da nossa alegria.
Olhos apertados pelo medo
aguardam na noite o sol onde cresces,
onde te confundes com os ramos
de sangue do verão ou o rumor
dos pés brancos da chuva nas areias.
A palavra, como tu dizias, chega
húmida dos bosques: temos que semeá-la;
chega húmida da terra: temos que defendê-la;
chega com as andorinhas
que a beberam sílaba a sílaba na tua boca.
Cada palavra tua é um homem de pé,
cada palavra tua faz do orvalho uma faca,
faz do ódio um vinho inocente
para bebermos contigo
no coração em redor do fogo.
(1971)
Eugénio de Andrade
Também tinha o poema do Barnet preparado. Tem outra tradução.
ResponderEliminarAssim recorri ao próprio comandante.
Um abraço.
Fernando Samuel
ResponderEliminarAí vai a tradução que tenho do Barnet:
Che, tu que sabes de tudo,
os esconderijos da sierra,
a asma na relva fria,
a tormenta na noite
e até como se fazem os frutos
e se acasala o gado,
não é que eu queira dar-te
caneta por pistola,
mas o poeta és tu.
alex campos: estes tradutores...
ResponderEliminara versão por que optei é a de Manuel de Seabra ( Poesia Cubana da Revolução).
Um abraço.
(Poema de Nicolás Guillén, o mais destacado poeta cubano vivo na época da revolução)
ResponderEliminarChe Guevara
Como se a mão pura de San Martín
Tivesse se estendido para seu irmão, Martí,
E o Prata, de margens verdejantes, corresse pelo mar
Para se juntar à embocadura cheia de amor do Cauto.
Assim Guevara, gaúcho de voz forte, agiu para dedicar
Seu sangue guerrilheiro a Fidel,
E sua mão larga teve mais espírito de camaradagem
Quando nossa noite era mais negro, mais escura.
A morte recuou. De suas sombras impuras,
Do punhal, do veneno e das feras,
Só restam lembranças selvagens.
Fundida dos dois, uma única alma brilha,
Como se a mão pura de San Martín
Tivesse se estendido para seu irmão, Martí.
Um beijo, amigo
Ausenda
Já disse mais ou menos isto noutro blogue: já repararam que o país onde perdeu a vida está finalmente a mexer?
ResponderEliminarHasta siempre comandante!
"Não é que eu queira dar-te
ResponderEliminarcaneta por pistola
mas o poeta és tu."... é muito bom... e que grande, enorme "malha" do Eugénio de Andrade!
"Aprendimos a quererte
ResponderEliminardesde la historica altura...."
"Pioneros delcomunismo
Seremos como Che"
Esta foi a frase que ouvi numa Escola em Santiago do Chile, de miudos da 4 classe, que fizeram este juramento...
Nunca mais a esqueci, nem dos rostos das crianças, nem poderia...
Beijo grande
Hasta la Victoria, Siempre!
ResponderEliminarAbraço
Ausenda: é bonito. Obrigado.
ResponderEliminarUm beijo.
salvoconduto: É verdade. E também o que se está a passar na Venezuela, no Equador, etc, tem a marca do Che...
Um abraço.
samuel: os poetas sabem, como ninguém, descobrir os mais escondidos sentidos das palavras...
Um abraço.
maria: nem poderias esquecer...
Um beijo grande.
ludo rex: que viva o Che!
Abraço.