POEMA

ANNA IMROTH

Cruza-lhe os braços sobre o peito - assim.
Endireita-lhe um pouco mais as pernas - assim.
E chama o carro para que a leve a casa.

A mãe dela há-de chorar,
e também as irmãs e os irmãos.
Mas os outros salvaram-se todos: foi ela a única
rapariga da fábrica que não teve sorte
ao saltar cá para baixo
quando o fogo irrompeu.

Andou aqui a mão de Deus -
e a falta de uma saída de emergência


Carl Sandburg
(Tradução de Alexandre O'Neill)

5 comentários:

  1. Principalmente, a falta de uma saída de emergência:))
    Tão bem contado, tão poeticamente sentido.
    Não conhecia Carl Sandburg - obrigada!

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  2. Os cuidados a ter com os defuntos, são mais fáceis e custam menos , daí o cuidado.
    Para quê uma saída de emergência, o patrão não sai por ela!

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  3. E continua a ser assim, todos os dias...

    Obrigada pelo poema!

    Um beijo

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  4. Dois versos finais... explosivos!
    Ia escrever "como uma bomba" mas lembrei-me do "echelon"... :)

    Abraço

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  5. justine: agradeçamos ao O'Neill que foi quem o trouxe até nós...
    Um beijo.

    josé managão: «o patrão não sai por ela»: bem visto.
    Um abraço.

    maria: enquanto não dermos a volta a isto...
    Um beijo.

    samuel: pronto!, o echelon já te caçou...
    Um abraço.

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