POEMA

BANDEIRINHAS

Parei a olhar o mapa da guerra; tinham-no afixado
na frontaria dos escritórios do jornal.
Bandeirinhas - vermelhas e amarelas bandeirinhas -
azuis e pretas bandeirinhas - são deslocadas para
trás e para diante sobre o mapa.
Um rapaz sorridente, cheio de sardas,
sobe a escada, atira uma piada a alguém que está
entre a multidão,
depois espeta uma bandeirinha amarela uma polegada
para oeste.

(Dez mil rapazes contorcem-se num lago de sangue
na margem de um rio,
feridos, em convulsões, implorando água, alguns já
no estertor da morte).

Quem perguntará a si mesmo quanto custou
destacar de uma polegada
duas bandeirinhas aqui, no mapa da guerra,
na frontaria do jornal,
onde um jovem sardento nos sorri?

Carl Sandburg
(Tradução de Alexandre O'Neill)

3 comentários:

  1. Quando tudo se resume a umas polegadas de mapa, para lá ou para cá... vamos realmente por muito mau caminho.

    Abraço

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  2. Um belo poema, que nos violenta...

    Obrigada.
    Um beijo

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  3. samuel: lá está: Carl Sandburg é um grande Poeta norte-americano...
    Abraço.

    maria: um beijo grande.

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