POEMA

IN MEMORIAM

Esses mortos difíceis
que não acabam de morrer
dentro de nós; o sorriso
de fotografia,
a carícia suspensa, as folhas
dos estios persistindo
na poeira; difíceis;
o suor dos cavalos, o sorriso,
como já disse, nos lábios,
nas folhas dos livros;
não acabam de morrer;
tão difíceis, os amigos.

Eugénio de Andrade

7 comentários:

  1. Os grandes amigos são na verdade esses, que "não acabam de morrer", vão ficando presentes nas pequenas e grandes coisas em que os lembramos, como se tivessem a delicadeza de esperar por nós...

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  2. Alguém disse, não me lembro neste momento quem "temos um cemitério dentro de nós".
    É o que eu sinto, neste preciso momento.

    Um beijo

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  3. Sinto que dedicas este poema do Eugénio de Andrade, ao nosso camarada Àlvaro Rana, que bem o merece, pela luta que travou durante muitos anos, em prol dos trabalhadores.

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  4. samuel: são esses, cuja morte doi mas cuja lembrança conforta e dá alento...
    Um abraço.

    maria: um muito grande «cemitério» - felizmente, talvez, não?...
    Um beijo.

    josé manangão: e sentes bem, camarada...
    Um abraço.

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  5. Não morrem nunca, os amigos. Mesmo os amigos que nunca conhecemos pessoalmente, como alguns poetas.

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  6. E os que da lei da morte se vão libertando?!...

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  7. justine: exacto.

    antuã: esses são os amigos...

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