POEMA

NINGUÉM

Andaimes
até ao décimo quinto andar
do moderno edifício de bettão armado.

O ritmo
florestal dos ferros erguidos
arquitectonicamente no ar
e um transeunte curioso
que pergunta:
- Já caíu alguém dos andaimes?

O pausado ronronar
dos motores a óleos pesados
e a tranquila resposta do senhor empreiteiro:
- Ninguém. Só dois pretos.

José Craveirinha

5 comentários:

  1. Que violência num poema tão belo! E como retrata bem uma certa mentalidade!

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  2. Se tivesse estudado, o senhor empreiteiro poderia ter chegado a dirigente do ministério do interior ou mesmo a Cardeal... do post anterior.

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  3. Dolorosamente verdadeiro (ainda)...

    Um beijo

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  4. justine: mentalidade de ontem/hoje...
    Um beijo amigo.

    sal: é isso.
    Um beijo amigo.

    samuel: precisamente!
    Abraço amigo.

    maria: sem dúvida.
    Um beijo amigo.

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