POEMA

OS DOIS MENINOS MAUS ESTUDANTES

- Zeca-e-Stélio!
- Mamã!
- São horas da escola.
- !!!

- Vocês não ouvem? São horas.
- Não queremos ir à escola, mamã.
- O quê? Não vão à escola? Vão, sim-senhor!
- Não vamos à escola, mamã.
- Mas não vão à escola porquê? Não estudaram, não é?
- É a sôra professora, mamã.
- É a sôra professora o quê?
- !!!

- Olhem, amanhã é dia de visita e vou queixar ao vosso pai.
- Não vai queixar, mamã.
- Queixo, sim, vocês vão ver.
- A sôra professora chama... a sôra professora cha...
- A sôra professora não chama nada, vou queixar.
- A sôra professora chama-nos filhos de uma turra, mamã.
- !!!

- Está bem, mamã, não chore.
Não chore, mamã. Nós vamos à escola, mamã.

(Agosto de 1967)

José Craveirinha
(In Cela 1)

5 comentários:

  1. Da boca das crianças, sai sempre a verdade!
    É comovente este belíssimo poema.

    GR

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  2. FS, obrigada por teres mostrado mais, apesar de eu ter estado ausente. Mas li-os todos de uma assentada, e que bem me soube.
    Aprende-se sempre com a poesia do Craveirinha.
    Obrigada

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  3. O José Craveirinha, sabia da importância, que uma lágrima da mamâ tinha para as crianças!
    As mamãs de hoje sábem-no?
    É claro que sim , só que lhes falta o tempo!
    Um abraço José Manangão

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  4. belíssimo poema, tal como os outros do mesmo autor, que eu desconhecia, confesso envergonhado.

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  5. gr, justin, josé manangão, anónimo: vou encerrar a «série» com mais dois poemas deste Autor.
    Abraços e beijo.

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