Malteses ao sul (ll)

(Ferreira do Alentejo, Setembro de 2007)

3 comentários:

  1. Malteses eram imigrantes, cá dentro do burgo, em tempos idos, a necessidade a isso obrigava!
    Abraço
    José Manangão

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  2. Confirmo que é um traquina, dos meninos dos Esteiros.

    GR

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  3. Lembro-me bem da noite em que um maltês me ligou com a voz embriagada por uma emoção que não consegui descodificar. Chamo-lhe maltês porque nessa altura já era cá da malta. Arrisco-me a dizer que sempre foi, mesmo quando as tonalidades do vermelho ainda eram hipótese no sonho bonito que alimentava.
    Aprendemos um com o outro a definir o olhar, a concretizar a cor nas cores do Homem.
    A sua voz era como uma nuvem negra a descarregar água. E adivinhei os seus olhos a aumentar o caudal dessa corrente de felicidade.
    Não percebi de imediato a nova que esse maltês vagueante tinha para partilhar comigo. Pela gravidez que as suas palavras anunciavam, pensei que tivesse gerado um filho, e que preparasse para a sua condição de pai.
    Rimos os dois do meu ridículo.
    Não foi pai, mas abraçou como a um filho um sonho antigo sempre novo.
    Esse maltês de que falo tinha descoberto que o vermelho não tem tonalidades. Tem apenas cor. É vermelho! Sei que nele esta descoberta foi uma bala que não foi disparada. A mesma bala que se curvou perante a coragem e a força do homem que mostrou que este "não é o mundo dos Homens. É um mundo de Homens".
    Este maltês já era meu camarada (já tinhamos partilhado muito chão), e já era meu companheiro (dividimos muitas refeições e, no fim destas, tabaco na mesa). Mas, acima de tudo, era (e é) meu amigo. Descobrimos juntos (estimulados por "O Caminho das Aves") a dimensão da amizade pela experiência concreta das gentes e das arestas.
    Por tudo isto e muito mais fiquei orgulhoso quando nessa noite partilhou comigo a sua decisão de dar sentido à sua força e abraçar a causa dos trabalhadores e da classe operária. De forma organizada.
    É por isso que o maltês desta foto me lembra o maltês das fotos.
    Somos de facto como as aves...
    E tenho saudades dos voos que nos levavam ao mais profundo da palavra Terra.
    Tenho prometida uma visita e um copo de tinto. Será para breve.
    Um abraço a todos os obreiros da primavera que vão semeando cravos na defesa de Abril!

    P.os C.omentário P.ertinente:
    Disse-te um dia no Auditório Liberdade, numa conversa descontextualizada, a ouvir Adriano (e a olhar para a sua barba) que "somos poucos". Digo-te agora, contextualizando, que somos muitos, muitos mil.. E havemos de continuar Abril!
    Abraço-te.

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