Milheiriças


vieram bicar-me à janela. estão habituados às sementes de alpista e agora veem o limiar da fome reduzido à minha vontade. são bonitas as milheiriças vestidas para a primavera. trazem consigo a infância que deixei. vêm, em nome dos meus mortos, cobrar-me a doçura nos sugos (às vezes «pintarolas») que me foram dados. vêm cantar serenatas à solidão que assim premedita. Vêm trazer novas do mundo da ternura que os homens ignoram.

auditório liberdade
22 de fevereiro de 2005
lains de ourém
à(s)

6 comentários:

  1. Olinda21 de fevereiro de 2012 às 23:10

    Vêm trazer bocadinhos de alegria,nestes tempos sombrios.

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  2. GR22 de fevereiro de 2012 às 00:18

    Mais um poema escrito em prosa, tão cheio de ternura.
    As Milheiriças são lindas.

    BJS,

    GR

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  3. Maria22 de fevereiro de 2012 às 01:46

    Tanta ternura...
    Beijinho, António.

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  4. Graciete Rietsch22 de fevereiro de 2012 às 13:26

    Tão lindo, que faz lembrar o que de bom há neste mundo que querem e andam a destruir.

    Um beijo.

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  5. trepadeira22 de fevereiro de 2012 às 17:49

    Lindo,uma das aves de todas as infâncias.

    Um abraço,
    mário

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  6. Maria João Brito de Sousa23 de fevereiro de 2012 às 12:19

    :) Tão bonita, a milheiriça... e fico sem palavras...

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