A BICICLETA
O meu marido saiu de casa no dia
25 de Janeiro. Levava uma bicicleta
a pedais, caixa de ferramenta de pedreiro,
vestia calças azuis de zuarte, camisa verde,
blusão cinzento, tipo militar, e calçava
botas de borracha e tinha chapéu cinzento
e levava na bicicleta um saco com uma manta
e uma pele de ovelha, um fogão a petróleo
e uma panela de esmalte azul.
Como não tive mais notícias, espero o pior.
Alexandre O'Neill
A fuga de bicicleta para uma vida de liberdade!
ResponderEliminarSerá que o marido se libertou de uma esposa deveras observadora?
Bjs,
GR
Tempos difíceis. Saía-se de manhã com um até amanhã... e pelo caminho era-se assassinado à, queima roupa, com um tiro.
ResponderEliminarUm
Desculpa. Faltou-me o beijo, portanto mando-te mais um camarada.
ResponderEliminarE assim se partia, apenas para o trabalho, ou para a prisão. Sem razões para esperar senão o pior...
ResponderEliminarAbraço.
Grande texto do Alexandre O'Neil. Não o conhecia... Obrigado, Fernando Samuel. Fiquei mais vivo ao lê-lo por lembrar o que foi vivido.
ResponderEliminarUm abraço