POEMA

AMIGO


Mal nos conhecemos
inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
de boca em boca,
um olhar bem limpo,
uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
um coração pronto a pulsar
na nossa mão.

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!

«Amigo» é o erro corrigido,
não o erro perseguido, explorado,
é a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
um trabalho sem fim,
um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!


Alexandre O'Neill

5 comentários:

  1. Definitivamente... coisa para se guardar!

    Abraço.

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  2. E como a palavra - e pior ainda, o conceito - está a ser deturpada!!
    "Amigo é um trabalho sem fim" - que belo e que verdadeiro!

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  3. Que bem que escolhes os poetas e os poemas!!!
    Gosto muito deste, quer pelo poema em si, quer pelo conteúdo.

    Um beijo.

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  4. "Amigo é coisa para se guardar
    do lado esquerdo do peito
    dentro do coração"
    Continuemos a celebrar a palavra AMIGO, todfos os dias.
    Belo começo da poesia de O'Neill.

    Um beijo grande.

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  5. Se no Manifesto do Partido Comunista, Marx e Engels percebem a dissolução de todos os sentimentos e afectos familiares pelo capital, é natural que a amizade ainda tenha lugar no coração dos poetas como um caminho infidável, que se procura. Na poesia é assim, mas na realidade é como está dito no Manifesto.

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