POEMA

O DESPERTAR


Acordaste.
Onde estás?
Na tua casa.

Ainda não ganhaste o hábito
de estar em casa
ao acordar.
É um dos males
resultante de treze anos de prisão.

Quem está deitado ao teu lado?
Não é a solidão.
É a tua mulher.
Dorme como um anjo.
Fica-lhe bem, à minha bela, a gravidez.

Que horas são?
Oito horas.
Isso quer dizer
que até à noite estaremos em segurança.
Segundo o costume,
enquanto for dia
a polícia não faz buscas.


Nâzim Hikmet
à(s)

6 comentários:

  1. samuel6 de outubro de 2010 às 17:08

    Que coisa bonita!

    Abraço.

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  2. Justine6 de outubro de 2010 às 22:17

    Retrato belo de um tempo feio e recente. Voltará??

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  3. Graciete Rietsch6 de outubro de 2010 às 23:12

    Tão bonito e tão triste. "Enquanto for dia a polícia não faz buscas"
    É, eles apareciam pela madrugada.

    Um beijo.

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  4. GR7 de outubro de 2010 às 00:45

    Lindo poema.
    Que possamos estar em casa sem medo e que nunca mais venham as buscas.

    Bjs,

    GR

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  5. Fernando Samuel7 de outubro de 2010 às 22:30

    samuel: é.
    Um abraço.

    Justine: se é que não voltou já, embora de outra forma...
    Um beijo.

    Graciete Rietsch; como cá...
    Um beijo.

    GR: as buscas continuam, só que vão mudando de forma...
    Um beijo.

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  6. Maria9 de outubro de 2010 às 00:22

    Que maravilha!!!!
    E as buscas já se fazem de dia...

    Um beijo grande.

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