POEMA

COMBOIO


XXI


(O Eugénio de Andrade espera-me num Café. Atravesso as ruas do Porto - a cidade onde nasci - com os punhos cerrados de dor.)


Não nasci por acaso nestas pedras
mas para aprender dureza,
lume excedido,
coragem de mãos lúcidas.

Aqui no avesso da construção dos tempos
a palavra liberdade
é menos secreta.

Anda nos olhos da rua,
pega lanças aos gestos,
tira punhais das lágrimas,
conclui as manhãs.

E principalmente
não cheira a museu azedo
ou a musgo embalado
pela chuva na boca dos mortos.

Começa nos cabelos das crianças
para me sentir mais nascido nestas pedras.

Porto
- cidade de luz de granito.

Tristeza de luz viril
com punhos de grito.


José Gomes Ferreira

4 comentários:

  1. Tal como o poeta, também eu gosto muito do Porto... e da sua luz de granito...

    Abraço.

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  2. Punhos de luz e de granito que nós queremos qe continuem a bater-se pela liberdade. E continuarão!!!!
    Admirável José Gomes Ferreiea.

    Abraços.

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  3. samuel: eu também gosto da cidade.
    Um abraço.

    Graciete Rietsch: sempre!
    Um beijo.

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  4. Tão belo, este poema do Zé Gomes.

    Um beijo grande.

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