POEMA

COMBOIO


II


(A PIDE prendeu o meu filho, no Porto.)


A voz do telefone riu para tornar o mundo mais triste:
«O teu filho está preso.»

E riu.

Rimos
com lágrimas de dentes de esqueleto.

As outras ficaram
para a luz líquida das noites
dos olhos sepultos
(e oxalá ninguém as ouça chorar
aqui debaixo deste cobertor de lã...)

Lágrimas
-aquecimento secreto
à espera do rumor moribundo da manhã.


José Gomes Ferreira
à(s)

8 comentários:

  1. samuel8 de setembro de 2010 às 16:00

    ...mas veio Abril...

    Abraço.

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  2. Maria8 de setembro de 2010 às 18:05

    Não tenho palavras para deixar aqui.
    Deve ser uma dor que nenhum cobertor de lã abafa.

    Um beijo grande.

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  3. duarte8 de setembro de 2010 às 18:38

    ...............
    essas manhãs devem ser gélidas
    ...............
    abraço

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  4. GR8 de setembro de 2010 às 22:25

    Tanta dor!
    Lutemos por Abril. Sempre!

    Bjs,

    GR

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  5. svasconcelos8 de setembro de 2010 às 23:43

    Este poema dói...
    beijo,

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  6. Fernando Samuel9 de setembro de 2010 às 17:16

    samuel: quase vinte anos depois, mas veio...
    Um abraço.

    Maria; tantas foram as lágrimas choradas assim...
    Um beijo grande.

    duarte: horríveis.
    Um abraço.

    GR: para que «fascismo nunca mais».
    Um abraço.

    smvasconcelos: apesar da distância...
    Um beijo.

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  7. Graciete Rietsch9 de setembro de 2010 às 17:54

    Vou repetir o que já alguns comentadores disseram, mas foi o que de imediato me surgiu ao ler o poema.
    Mas dessas lágrimas nasceu ABRIL.

    Um beijo.

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  8. Fernando Samuel10 de setembro de 2010 às 01:40

    Graciete Rietsch: haá coisas que devem ser muito repetidas.
    Um beijo.

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