POEMA

SALA DE CONCERTOS


IX


(Visão de Mahler. Improviso durante a audição na Rádio da Primeira Sinfonia. Sim, Abelaira: gosto muito do Mahler - que me soa às vezes como uma espécie de Schubert trágico.)


Marcha fúnebre
com os vivos todos em caixões
e o cadáver atrás, a pé, sozinho,
ao som da filarmónica
que marca o passo a fingir vida
na poeira morta
do caminho.

Filarmónica transcendente
que afinal
só toca a valsa banal
da morte nua de toda a gente.


José Gomes Ferreira

3 comentários:

  1. Pode ser marcha fúnebre, filarmónica ou valsa banal. Sei que a Primeira Sinfonia de Mahler deve ter feito sorrir o Poeta para ter escrito esta maravilha.

    Um beijo grande.

    ResponderEliminar
  2. Curioso, é o morto que marca o passo dos vivos.

    Um Abraço.

    ResponderEliminar
  3. Maria: é muito provável...
    Um beijo grande.

    Nelson Ricardo: claro...
    Um abraço.

    ResponderEliminar