POEMA

QUANDO O TAMBOR COMEÇAR A SUA GUERRA



Quando o tambor começar a sua guerra
deveis vós continuar a vossa guerra.
Verá à sua frente inimigos, mas
quando olhar em volta, há-de
ver inimigos também atrás de si:
quando ele começar a sua guerra
há-de ver à sua volta só inimigos.
O que ali marcha
empurrado pelos seus das SS
há-de marchar contra ele.

As botas serão más, mas mesmo
que sejam do melhor coiro, hão-de
marchar nelas os seus inimigos.
As vossas rações serão escassas, mas mesmo que sejam fartas
não vos hão-de saber bem.

Os seus das SS não hã-de poder dormir.
Terão de ver bem se cada bala
está ou não carregada. E ele terá de
examinar se cada examinador examina.

Tudo o que a ele se destina, deve ser destruído, e tudo
o que dele vem deve ser usado contra ele.

Valente será quem contra ele lutar.
Inteligente, quem frustrar os seus planos.
Só quem o vencer salvará a Alemanha.


Brecht

(com este poema termina a série que o Cravo de Abril dedicou a Brecht.
Será de Miguel Torga o ciclo de poemas que amanhã aqui terá início)

5 comentários:

  1. Manuel Norberto Baptista Forte1 de janeiro de 2010 às 18:08

    Bem escolhido.

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  2. Haja força para lutar, mais do que contra este ou contra aquele... PELA paz!

    E com essa do Torga me calaste o "protesto" pelo fim do ciclo Brecht... :-)))

    Abraço.

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  3. Miguel Torga??!!!
    :))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
    beijo,

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  4. De repente ao ler este poema lembrei-me de 'Mãe coragem e seus filhos' e há imagens que não me saem da cabeça. Porque será?...

    Comecemos então 2010 com Torga, sempre excelente!

    Um beijo grande cheio de ternura, Camarada!

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  5. Manuel Norberto Baptista Forte: Um abraço.

    samuel: essa luta engloba todas as lutas.
    Um abraço.

    smvasconcelos: esse mesmo!...
    Um beijo.

    Maria: «Sempre excelente», de facto.
    Um beijo grande.

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