É UMA SÉRIE PORTUGUESA, CONCERTEZA...

Chega a notícia de que está em preparação uma série televisiva que passará na RTP em Outubro, por altura da comemoração do 100º aniversário da proclamação da República - série que, em oito episódios de 50 minutos cada, se propõe falar-nos de «cem anos de política portuguesa, entre 1910 e 2010».
Ora aí está uma excelente ideia!

A notícia prossegue, informando que esses cem anos chegar-nos-ão «através do olhar privilegiado de Mário Soares», que é «a personagem principal» da série e que nos «vai contar as suas memórias».
Ora aí está como se estraga uma excelente ideia!

A notícia diz, também, que «o testemunho de Mário Soares será, depois, cruzado e confrontado com os testemunhos de outras personagens» pertencentes «a todos os quadrantes políticos».
Lendo os nomes dessas «outras personagens» constata-se que estão lá «todos os quadrantes políticos»... menos o dos comunistas...
Ora aí está no que uma excelente ideia pode dar!

Quem está a realizar a série é um cineasta sobrinho de Mário Soares, de seu nome Mário Barroso - apoiado numa «equipa ecléctica de oito intelectuais», ou seja: também pertencentes «a todos os quadrantes políticos».
Lendo os nomes dos oito eclécticos constata-se que nenhum deles é comunista - nem pouco mais ou menos...
Ora aí está a ideia!...

Posto isto, está-se mesmo a ver o que aí vem: é uma série portuguesa, concerteza, é concerteza uma série portuguesa...

13 comentários:

  1. Que tristeza... até rima com o final do teu post.
    Quando comecei a ler o post percebi logo quem iriam buscar: o tal "sabichão" que é um grandessíssimo aldrabão!

    Um beijo grande.

    ResponderEliminar
  2. Claro que vão buscar o pai da obscenidade.

    ResponderEliminar
  3. E já nem escondem, nem se envergonham...

    Abraço.

    ResponderEliminar
  4. Que grande falta de vergonha!!!!!!
    Ignorar a acção dos comunistas é uma infâmia. Ai de nós se o Partido Comunista se acomadasse!!!!!
    Por isso ele é propositadamente "esquecido".
    Abraços.

    ResponderEliminar
  5. É o que se chama marrar no vermelho.

    ResponderEliminar
  6. Acho que a série até pode vir a ser interessante. Sobretudo se Mário Soares contar aquela parte da história em que se reunia com Carlucci numa demonstração do mais puro patriotismo.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  7. Resumiste bem: "como se estraga uma excelente ideia". Não há paciência para demagogia e facciosismo soaristas.
    beijo,

    ResponderEliminar
  8. Peço desculpa pelos termos, mas não consigo resistir:
    - Vai ser uma série de merda;
    Pelo que:
    - Irá ser uma merda de série!

    Rui Silva

    ResponderEliminar
  9. Ouso apostar que esta série, a que poderia ser dado o título "Soares, Soares e Companhia" vai seguir um guião subordinado a cinco objectivos dominantes:
    1) Enaltecer o papel de um grupo de convictos (e saudosos) republicanos, mas apagar o papel das massas na revolução de 1910:
    2) Reescrever a História do Fascismo, diminuindo (talvez não vão ao ponto de apagar totalmente)o papel dos comunistas e do seu Partido na luta contra a ditadura;
    3)Diminuir ou distorcer o movimento revolucionário do 25 de Abril, apagar ou diminuir o papel das massas e do MFA neste processo, arrenegar o gonçalvismo e o totalitário papão do comunismo, prestes a mergulhar o país numa feroz ditadura pró-soviética;
    4)Glorificar o papel dos libertadores: as forças de direita capitaneadas pelo próprio "Soares, Soares e Companhia" com a generosa ajuda de Carlucci, da CIA, da CEE, do ELP, do MDLP, do FMI, do cónego Melo, etc, etc...
    5)Apagar as conquistas revolucionárias daquele período (que, segundo "S,S e C", deram cabo da nossa economia) e enaltecer o nível de vida, a estabilidade e o desenvolvimento atingidos pelo País (como se vê), após a adesão à UE.
    Não sejamos injustos: neste sentido, bem se pode dizer que "Soares, Soares e Companhia" vai falar de todos os quadrantes...

    ResponderEliminar
  10. porque é que a mãe do Marocas não o abortou?

    ResponderEliminar
  11. Ainda existe quém consiga ver, até onde estes (patriotas) conduziram o país!
    É capaz de ser bom, para algumas pessoas verem a diferença entre o que eles dizem, e o que fazem!
    Ou será que, querem justificar o injustificável?
    Abraço

    ResponderEliminar
  12. Assaltou-me uma dúvida de última hora que só tu, Cravo de Abril, poderás esclarecer: acaso não é esta a série que andamos a ver desde o 25 de Novembro de 1975?...Se assim é, então, vamos ter somente uma "reprise" a justificar o injustificável, ou seja, a tentar mostrar que no 25 de Novembro se cumpriu para Portugal a receita (made in USA) do senhor Fukuyama: "O fim da História". Como estão enganados!... Por mais séries que façam (sempre a tentar reescrever a História),mais cedo ou mais tarde, cumprir-se-ão os premonitórios versos de Brecht: "Depois de falarem os vencedores, falarão os vencidos".

    ResponderEliminar
  13. Maria: Táva-se mesmo a ver não táva-se?...
    Um beijo grande.

    Antonio: Ora bem...
    Um abraço.

    samuel: pelo contrário: exibem com orgulho.
    Um abraço.

    Graciete Rietsh: mais do que falta de vergonha, é ausência de vergonha...
    Um beijo.

    Zé Canhão: Olé!...
    Um abraço.

    alex campos: ele vai contar e cheio de orgulho patriótico...
    Um abraço.

    smvasconcelos: o soarismo é... sei lá...
    Um beijo.

    Rui Silva: eu confesso que também estive quase, quase a não conseguir resistir...
    Um abraço.

    Manuel Rodrigues: estou e crer que o teu prognóstico vai acertar em cheio.
    Um abraço grande.

    pintassilgo: um abraço.

    poesianopopular: há um trabalho de esclarecimento a fazer sempre, sempre...
    Um abraço.

    Manuel Rodrigues: É exactamente essa mesma série, como tu claramente demonstras e como os versos do Brecht demonstrarão um dia destes...
    Um abraço.

    ResponderEliminar