POEMA

HÁ DIAS


Há dias em que julgamos
que todo o lixo do mundo nos cai
em cima. Depois
ao chegarmos à varanda avistamos
as crianças correndo no molhe
enquanto cantam.
Não lhes sei o nome. Uma
ou outra parece-se comigo.
Quero eu dizer: com o que fui
quando cheguei a ser
luminosa presença da graça,
ou da alegria.
Um sorriso abre-se então
num verão antigo.
E dura, dura ainda.


Eugénio de Andrade
(«Os Lugares do Lume» - 1998)

7 comentários:

  1. E durará...
    Obrigada pelo sorriso que me sacaste com este poema.

    Um beijo grande

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  2. É o triunfo da memória, resgata e perdura o melhor do fomos, e do que somos.
    beijos

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  3. Ai de quem já não tem vanrandas onde se rever... quando chegou a ser luminosa presença da graça, ou da alegria...

    Abraço.

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  4. Maria: um beijo grande.

    smvasconcelos: na memória da infância está o melhor de nós?...
    Um beijo.

    samuel: há sempre uma janela, um postigo que seja...
    Um abraço.

    amigona avó e a neta princesa: sempre!
    Um beijo.

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  5. È nessas recordações que nos aquecemos nas noites frias e nos dias sombrios.

    beijo graaaaaaaaaaande

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  6. Ana Camarra: e se elas são importantes!...

    Um beijo graaaaaaaaaaande.

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