POEMA

OS NOMES


Tua mãe dava-te nomes pequenos, como se a maré os
trouxesse com os caramujos. Ela queria chamar-te
afluente-de-junho, púrpura-onde-a-noite-se-lava,
branca-vertente-do-trigo, tudo isto apenas numa sílaba.
Só ela sabia como se arranjava para o conseguir,
meu-baiozinho-de-prata-para-pôr-ao-peito.
Assim te queria. Eu, às vezes.


Eugénio de Andrade
(«Memória Doutro Rio» - 1976-1977)

5 comentários:

  1. Filho. Amor.
    Tantos os nomes numa única palavra...

    Um beijo grande

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  2. Camarada Fernando Samuel,

    precisava de falar urgentemente contigo.

    Um abraço,

    João Galamba
    96 238 36 95

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  3. Grandes os nomes que cabem nas pequenas sílabas que segredamos...

    Abraço.

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  4. Maria: e cada um tem os seus...
    Um beijo grande.

    justine: em prosa ou em verso, Eugénio sempre magnífico.
    Um beijo.

    samuel: aí está a síntese.
    Um abraço.

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