POEMA

NÃO PASSARÃO


Não desesperes, Mãe!
O último triunfo é interdito
aos heróis que o não são.
Lembra-te do teu grito:
Não passarão!

Não passarão!
Só mesmo se parasse o coração
que te bate no peito.
Só mesmo se pudesse haver sentido
entre o sangue vertido
e o sonho desfeito.

Só mesmo se a raiz bebesse em lodo
de traição e de crime.
Só mesmo se não fosse o mundo todo
que na tua tragédia se redime.

Não passarão!
Arde a seara, mas dum simples grão
nasce o trigal de novo.
Morrem filhos e filhas da nação.
Não morre um Povo!

Não passarão!
Seja qual for a fúria da agressão,
as forças que te querem jugular
não poderão passar
sobre a dor infinita desse não
que a terra inteira ouviu
e repetiu:
Não passarão!


Miguel Torga

7 comentários:

  1. -e não será por nós que eles irão passar.
    Não passarão!

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  2. "O último triunfo é interdito
    aos heróis que o não são"

    É muito difícil, mas há-de ser verdade!

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  3. Que grito de força, que força de poema!

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  4. Poema fortíssimo, de Miguel torga, e tão necessário, tão actual...

    bjs

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  5. Lindo poema.
    Um grito à luta diária.
    Não Passarão!

    GR

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  6. Que poema mais bonito...
    Vou levá-lo comigo, um dia destes, quem sabe se não aparece noutro sítio, por aí...
    (espero que não te importes..)

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  7. Obrigado a todos(as) pela visita e pelos comentários.
    Este «Não passarão» soará muito melhor quando for «não passaram»...

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