Manhã de Junho

Talvez, talvez sejam os últimos

dias. Se for assim, são um esplendor.

Apesar dos aviões da Nato despejarem
bombas e bombas no Kosovo, a perfeição
mora neste muro branco
onde o escarlate
da flor da buganvília sobe ao encontro
da luz fresca da manhã de Junho.
A beleza (não há outra palavra
para dizê-lo), desta manhã
é terrível: persiste, domina –
apesar dos aviões, mesmo com
bombas a cair e crianças a morrer.

Eugénio de Andrade

7 comentários:

  1. Quem foi que disse que a beleza havia de salvar o mundo?
    Calhando, tinha uma considerável parte de razão...

    Abraço

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  2. Esta capacidade de ver o pequeno mas belo no meio do horror não está, de facto, ao alcance de todos. Bela lembrança esta, das palavras do grande Eugénio.

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  3. Apesar da guerra, do horror e até da morte, havia para o poeta algo onde se podia agarrar para continuar a viver. A beleza (o futuro)!

    E foi numa manhã de Junho que Eugénio nos deixou.

    GR

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  4. Eugénio de Andrade
    Este poeta deixa-me (quase) sempre sem nada para acrescentar..
    Que dizer, camarada?

    beijinhos

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  5. Talvez sejam...
    ... o dia 5 está tão próximo...
    e o futuro é já agora...

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  6. como para ti camarada, bem o sei, o andrade é o meu de eleição. um abraço. ate breve. volto a escrever aqui logo à noite. abraço

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  7. Há coisas que se não dizem. E ainda bem que assim o é!!

    Abraços,

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