à memória dos republicanos caídos em Espanha (1936-39)



sorvedor do sonho na noite caiada e arrefecida ao abandono da derrota.
acaso imaginas tu, amor ausente, porque mordem a parede as formigas da minha inquietação?


Aljustrel, 24 de Novembro de 2007

5 comentários:

  1. Bonita homenagem.
    Bela fotografia.

    GR

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  2. Sobre o mesmo tema aqui te deixo a tradução (feita por Eugénio de Andrade) de um poema escrito em 1937 por um poeta anónimo:

    Espanha

    Não faças caso de lamentos
    nem de falsas emoções;
    as melhores devoções
    são os grandes pensamentos.
    E embora, por momentos,
    o mal que te feriu se agrave,
    ressurge, indómita e brava:
    em vez de caíres cobarde
    estala em pedaços e arde,
    pois antes morta que escrava.

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  3. Esta mistura de amor e raiva, é a força do pensamento revolucionário!
    José Manangão

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  4. No princípio dos anos oitenta o Zé Carlos Ary dos Santos "obrigou-me" a fazer uma música para um poema seu sobre a Espanha. Acabou por ser a única cantiga que fiz com ele, mas gosto muito dela!

    Aqui fica, com um abraço.

    LLANTO PARA ALFONSO SASTRE Y TODOS
    José Carlos Ary dos Santos/Samuel

    Foi quando as madres terriveis
    Levantaram a cabeça
    Foi quando os sinos dobraram
    Nas torres de Saragoça
    Foi quando a Guarda Civil
    Surgiu no brilho de aço
    Que de novo se pintou
    A Guernica de Picasso

    Não eram cinco da tarde
    Nem da noite ou da manhã
    Era a hora de lutar
    Pela Espanha de amanhã
    Era a hora de acordar
    A voz de Lorca e Machado
    Era a hora de atacar
    Com a foice e o arado
    Não eram cinco da tarde
    Nem da noite ou da manhã
    Era a hora de lutar
    Pela Espanha de amanhã

    Algures na arena da esperança
    Contra os cornos do fascismo
    Um pocta abria a dança
    Dos passos do heroismo
    Suas palavras agudas
    Feriam as carnes da besta
    Pois jamais se quedam mudas
    As vozes de quem protesta
    Algures na arena da esperança
    Contra os cornos do terror
    Um poeta abria a dança
    Das palavras que dão flor

    Dizia amigo canção
    Pátria alento humanidade
    Dizia verdade e pão
    Como quem diz liberdade
    Não eram cinco da tarde
    Nem da noite ou da manhã
    Era a hora de cantar
    Pela Espanha de amanhã

    Foi então que do mais fundo
    Do ódio do mal do medo
    Irrompeu o berro imundo
    De quem oprime e não cede
    Choveram balas patadas
    Correntes golpes mordaças
    E palavras embrulhadas
    Em insultos e ameaças
    Chegaram ferros e facas
    Uivos lampadas chicotes
    Choques agulhas matracas
    Baionetas e garrotes
    Não eram cinco da tarde
    Nem da noite ou da manhã
    Era a hora de calar
    Pela Espanha de amanhã

    Algures na arena da esperança
    Um poeta foi torturado
    Sua alegria a vingança
    Seu nome cantor soldado
    Não eram cinco da tarde
    Nem da noite ou da manhã
    Era a hora de cantar
    Pela Espanha de amanhã.

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  5. que bonito. obrigado camaradas. um abraço grande. até sábado.

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