MANUEL DA FONSECA

No dia em que passa o 15º aniversário da sua morte, o Cravo de Abril recorda o grande romancista, poeta, cronista - e camarada - com um dos seus belos poemas de combate e de esperança.


ANTES QUE SEJA TARDE

Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha
abre os braços e luta!
Amigo,
Antes da morte vir
nasce de vez para a vida.


Manuel da Fonseca

5 comentários:

  1. Lindo poema.
    Retrata a verdade do nosso país.
    «Abre os olhos e olha
    abre os braços e luta!»
    Apesar de tudo, muitos já estão a seguir o pedido do poeta.
    Porque, Vale a Pena Lutar!

    GR

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  2. Era um ser tão especial o Manel da Fonseca!

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  3. Grande camarada,romancista, poeta e sobretudo contista. Um abraço

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  4. Belíssimo poema, que nos dá vontade de reler, reler sempre o Manel da Fonseca. Hoje, particularmente.
    Homenagem justa e amiga

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  5. gr: vale a pena lutar!

    samuel: era!

    crixus: estás a pensar na Aldeia Nova...

    justine: foi isso que me aconteceu...

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